O uso do Design Thinking na proposição de soluções para o cenário brasileiro de Disfunção do Trato Urinário Inferior

Abstract

Introdução: A incontinência urinária é o sintoma de trato urinário inferior mais comum, além dela, outros sintomas de armazenamento ou esvaziamento acometem pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Quando causam impacto clínico ou de qualidade de vida, são denominados Disfunção do Trato Urinário Inferior. O tratamento de primeira linha destas disfunções é conservador e inclui modificações comportamentais e treinamento da musculatura do assoalho pélvico, é uma ação de atenção primária e o enfermeiro tem respaldo legal para sua condução. No Brasil não existe abordagem da disfunção de trato urinário inferior na atenção primária de saúde e os enfermeiros não tem o conteúdo em sua formação. Objetivo: Desenvolver um programa de capacitação com vistas à atuação do enfermeiro da Atenção Primária de Saúde na prevenção e tratamento da Disfunção de Trato Urinário Inferior, viabilizada pela criação de uma Organização da Sociedade Civil. Método: Pesquisa aplicada com abordagem quanti-qualitativa, realizada em etapas utilizando-se dos conceitos do Design Thinking. Resultados: Na etapa de “compreender o problema” realizou-se uma Revisão Integrativa com construção de uma Árvore de Problemas que demonstrou alta prevalência do problema no país, predominância de causas modificáveis e impacto negativo na qualidade de vida, principalmente na saúde mental. Na etapa “projetar soluções”, a construção de um programa de capacitação para enfermeiros da atenção primária se mostrou com potencial de abrangência de diversas ações identificadas como efetivas para melhoria do cenário. Entre os enfermeiros participantes das cinco regiões do Brasil, observou-se que tinham contato frequente com pessoas com Disfunção de Trato Urinário Inferior e nenhuma formação para condução dos casos. Na etapa “Prototipar” foi construído um programa de capacitação de forma colaborativa com enfermeiros sorteados da amostra para participarem de Grupo Focal. O programa contempla aulas gravadas, prática presencial, disponibilização de protocolo escrito e suporte em grupo e individual para condução dos casos. Na etapa “implementar” foi ofertado aos enfermeiros da amostra um Menor Produto Viável do programa, composto por quatro aulas semanais on-line síncronas, de uma hora. O grupo focal permitiu ajustes de conteúdo e carga horária no programa e demonstrou grande motivação dos enfermeiros para implementar as evidências discutidas no contexto vivenciado. Conclusão: O Design Thinking se mostrou como estrutura metodológica com potencial para catalisar mudanças sociais de forma participativa e cíclica. A Ciência da Implementação foi um direcionador necessário na análise teórica do caminho que vai da produção de evidências até a sua aplicação na prática assistencial. A atuação da equipe de pesquisa como empreendedoras sociais, com a constituição de uma Organização da Sociedade Civil foi determinante em todos os passos da pesquisa e acena como possibilidade inovadora e transformadora para enfermeiros como agentes de mudança. O modelo educacional proposto contempla todos os perfis de aprendizagem por meio da amplitude das diversas ações educacionais propostas.