A dimensão subjetiva da inclusão de universitários cegos no Ensino Superior

Abstract

Esta pesquisa teve por objetivo compreender como a constituição subjetiva individual e social sobre a cegueira permeou o ingresso, a realização e a conclusão do ensino superior. Ela foi realizada a partir da perspectiva cultural-histórica, fundamentada pela Teoria da Subjetividade

de González Rey. Para o percurso metodológico, utilizou-se a Metodologia Construtivo- Interpretativa, ancorada na Epistemologia Qualitativa, desenvolvida pelo mesmo autor.

Participaram deste estudo longitudinal dois universitários cegos oriundos de diferentes Instituições de Ensino Superior localizadas no Distrito Federal, Brasil. O processo de construção interpretativa possibilitou compreender que a vivência das conquistas, das tensões e dos dramas ao longo do processo de escolarização viabilizou o desenvolvimento de recursos subjetivos para os processos de inclusão e desenvolvimento, sinalizando o valor heurístico desta pesquisa. Essa construção contrapõe-se à tendência de associar a excelência do processo de inclusão das pessoas com deficiência no ensino superior estritamente às condições legais de ingresso, permanência e conclusão. A partir dessas construções, formulamos a tese de que adentrar, permanecer e concluir o ensino superior relaciona-se a uma constituição subjetiva ativa dos universitários cegos, que transcendem o espaço (corpo)normativo e abrem novas vias de subjetivação, mobilizando a emergência do agente ou do sujeito ante a própria deficiência.