Educação permanente em saúde : o caminho pedagógico para reinvenção do trabalho docente

Abstract

Com o surgimento do SARS-CoV-2, o contexto educacional se tornou mais complexo. Além das perdas, a Covid-19 está deixando uma herança avassaladora na educação, somando-se aos desafios já existentes, como a falta de infraestrutura adequada e de letramento digital para os profissionais da educação. A forma de fazer e pensar a educação mediada pelas tecnologias digitais tornou-se inevitável de forma repentina. A nova realidade é evidenciada pelo distanciamento dos corpos e dos processos de ensino-aprendizagem, exigindo professores preparados e comprometidos com o ato de educar. O contexto aspira a gerar uma consciência transformadora de sociedade, na qual as pessoas se reconheçam como parte dos problemas, mas, sobretudo, como parte das soluções. Torna-se imperativo a reconstrução de dinâmicas, processos, metodologias participativas e formas de gestão democrática, que se reafirmam na práxis. Objetivo: analisar o modelo de Educação Permanente em Saúde adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil (2004) e avaliar se este modelo é adequado para a formação dos professores da Rede Básica de Ensino, de forma a atender às novas necessidades. Método: o percurso investigativo caracterizou-se como uma metodologia qualitativa, participativa e exploratória. Foram desenvolvidos oito artigos: Primeiro foi um relato de experiência sobre a prática docente. Segundo buscou desenvolver processos de formação no contexto da Educação Permanente em Saúde (EPS), com professores e estudantes. Terceiro e quarto buscaram conhecer as percepções dos professores da educação básica da Espanha e do Brasil, sobre o impacto da Covid-19 na educação. Quinto trata-se de uma síntese crítica-reflexiva, participativa e exploratória, acerca de dois trabalhos de campo e um de revisão integrativa. Sexto se caracterizou como uma revisão integrativa, acerca do uso das metodologias ativas, em tempos de pandemia. Sétimo buscou sistematizar os conceitos da Metodologia Articuladora (MA) com os princípios da EPS. Oitavo buscou construir pontes de diálogos e conexões, onde a humanização das práticas constitui condição fundamental para uma educação e saúde corresponsáveis. Resultados: a) a nova realidade educacional provocada pela Covid-19 é evidenciada tanto pelo entorno digital como pelo distanciamento dos corpos e dos processos de ensino-aprendizagem, o que exige, para a educação básica, um olhar plural e professores preparados e comprometidos com o ato de educar; b) os profissionais da educação e saúde estão vivendo momentos de grande sofrimento e de adoecimento mental, precisando de atenção integral, de escuta qualificada, e de processos formativos permanente; c) há necessidade de uma prática educacional, balizada na transdisciplinaridade, interdisciplinaridade, libertadora, emancipatória, humanitária e recheada de amorosidade e alegria; d) a EPS precisa avançar seu modelo de gestão para o setor educacional, estabelecendo pontes e diálogos corresponsáveis, em um processo de gestão intersetorial e de apoio mútuo. Conclusão: a EPS surge como modelo norteador para se traçar processos de formação intersetorial e dialógica para um trabalho prazeroso, amoroso e alegre, de professores da Rede Básica de Ensino. Para isso, é necessário incorporar novos princípios/conceitos pedagógicos que atendam ao setor educacional (amorosidade, intersetorialidade, inclusão, interculturalidade, internacionalização do conhecimento, humanização), para somente, assim, podermos avançarmos numa prática libertadora, amorosa e humanitária.