“Mães de primeira viagem” na cultura digital : o uso das plataformas para informação e apoio social

Abstract

A transição para a maternidade é complexa e desafiadora, em parte decorrente das pressões sociais advindas das ideologias maternas e do que significa ser mãe imersa na cultura digital. Nessa pesquisa, buscou-se investigar a finalidade da utilização da internet pelas mães de primeira viagem no seu processo de tornarem-se mães. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou como método a Teoria Fundamentada nos Dados. Foram geradas 116 respostas por meio de questionário on-line e realizadas 16 entrevistas semiestruturadas on-line com mães de primeira viagem. Para triangulação das informações, foram analisados três perfis do Instagram sobre maternidade mais citados pelas participantes. O estudo se assenta em uma abordagem interdisciplinar, dado as características do campo do estudo – maternidade e cultura digital – sendo os principais referenciais teóricos Andrea O’Reilly, Sharon Hays, Rima Apple, Manuel Castells, José Van Dijck, Thomas Poell e Martijn de Wall. Os dados apontam que as mães utilizam o Instragam para se informar e o WhatsApp para sua rede de apoio social, principalmente pela conveniência do uso dessas plataformas. Há uma valorização do conteúdo de profissionais da saúde, do saber científico, da experiência de outras mães e nessa vastidão de informações as mães se orientam por suas crenças e percepções pessoais. Porém, foram descritos problemas, como perfis do Instagram sobre maternidade utilizarem o discurso científico para ganhar credibilidade, sem citarem estudos ou autores, e que acabam usando do seu prestígio para venda de produtos. Parte da adesão aos grupos de WhatsApp foram orientadas pelos interesses individuais das mães, a partir de trocas com os grupos que possuem as mesmas crenças, reduzindo a possibilidade de contato com a diversidade. As mães utilizaram a internet para resolver suas dúvidas e necessidades na construção de suas maternidades. Os recursos digitais contribuíram para que elas pudessem acessar informações de forma fácil e valorizassem seus pares ao possibilitar trocas de experiências e apoio social.