Narrativas multimodais na aprendizagem de línguas adicionais na infância

Abstract

A presente pesquisa objetiva discutir e refletir sobre a educação linguística na infância mediada por tecnologias digitais no contexto da educação básica, a partir da experiência vivenciada por dezesseis crianças-aprendizes de língua inglesa no Projeto Messages on Pixels, desenvolvido com ênfase na produção de materiais de ensino de línguas e de tarefas (LEFFA, 2008, 2017) e fundamentado por concepções de desenvolvimento cognitivo e aprendizagem na infância segundo as perspectivas de teóricos da pedagogia, tais como Vygotsky, Maria Montessori e Loris Malaguzzi. Partimos do entendimento que, na contemporaneidade, o uso de tecnologias digitais na educação linguística com crianças é um fenômeno em expansão, e que a produção textual de narrativas multimodais e a documentação pedagógica (FORMAN; FYFE, 2016; TOQUETÃO, 2020) das trajetórias de aprendizagem com a colaboração das crianças ofertam possibilidades para uma educação linguística na infância inclusiva dos elementos digitais. Nesta perspectiva, acreditamos que o ensino de línguas estrangeiras/adicionais para/com crianças (LUZ, 2003; MARTINS MAGIOLO; TONELLI, 2020; ROCHA, 2007, 2010, 2012; SANTOS; TONELLI, 2021) mediado por tecnologias deve focalizar em tarefas que promovam os multiletramentos (CAZDEN et al, 2021; ROJO, 2012, 2013; ROJO; MOURA, 2019) e a participação ativa das crianças na construção de seus percursos de aprendizagem, respeitando suas características nas diferentes fases do seu desenvolvimento. Assim, desenvolvemos um estudo de caso etnográfico em uma escola privada do DF, onde a produção de narrativas multimodais pelas crianças foi inserida como uma série de práticas de multiletramentos envolvendo o uso de recursos físicos e digitais, registros, documentação pedagógica, depoimentos dos estudantes e observação participante da professora-pesquisadora. As descobertas ao longo do estudo sugerem que o desenvolvimento de percursos personalizados de aprendizagem, a participação ativa, as interações sociais e a colaboração entre estudantes e professora na construção de tarefas têm potencial para promover a agência, o protagonismo e a autoria nas aulas de línguas com crianças desde os anos iniciais de escolarização.