Caminhos do medicamento : processo de trabalho da assistência farmacêutica em emergência hospitalar

Abstract

Em hospitais universitários mostrou a existência de tensões nas relações entre a unidade de emergência e a farmácia de um dos hospitais. Nesse contexto, esse trabalho tem por objetivo analisar o processo de trabalho da assistência farmacêutica na relação das unidades de emergência e farmácia de um hospital universitário, tendo a ergologia como referencial teórico. Buscou-se caracterizar os serviços, descrever a organização do trabalho e identificar facilidades, dificuldades e estratégias para o trabalho envolvendo medicamentos. Realizou-se um estudo qualitativo cujos dados foram coletados por observações flutuantes e entrevistas semiestruturadas com profissionais de nível superior, técnico, auxiliares e terceirizados. As anotações de campo e entrevistas foram analisadas no software Atlas.TI por análise temática guiada por categorias previamente definidas das quais emergiram subcategorias. Na organização, verificou-se a existência de quatro espaços distintos, almoxarifado, fracionamento, dispensação e emergência, com funções específicas que integram todo o processo. As facilidades encontradas foram referidas por trabalhadores de ambos os setores, sendo elas o trabalho em equipe e as boas relações interpessoais, a experiência e sistema de prescrição eletrônica. Quanto às dificuldades, observou-se a existência de especificidades para grupos de trabalhadores, a exemplo das dificuldades para a compra de medicamentos, falta de material para fracionamento, escala de farmacêuticos à noite e nos fins de semana para a dispensação e demora na distribuição para a emergência. Identificou-se, entretanto, que o sistema informatizado inadequado e a falta de medicamentos provocam dificuldades para todos os envolvidos, aprofundando tensões relacionais entre as unidades. Compreende-se que há uma fragmentação no processo de trabalho, distanciando os serviços da farmácia, que tem um caráter logístico e gerencial forte com participação clínica limitada à análise de prescrições e informações via telefone ou balcão, e a emergência, que possui necessidades de provimento variadas em vista do público que atende e demandas clínicas com os quais os farmacêuticos poderiam contribuir.