Mudanças no estoque de carbono da vegetação lenhosa do Cerrado e modelagem da biomassa aérea com Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) após 15 anos de extração seletiva de madeira com impacto reduzido

Abstract

Este capítulo teve como objetivo descrever e analisar, no período de 2005 a 2021, as taxas de mortalidade, de recrutamento e o crescimento em estoque de carbono da comunidade lenhosa e de um grupo de 3 espécies (D. miscolobium, P. pubescens e T. vulgaris) com potencial para produção de energia do cerrado sensu stricto, estabelecidas após terem a sua vegetação original removida por extração seletiva de madeira com impacto reduzido em 2006. Desde então, toda a área encontra-se protegida de ações antrópicas, exceto a ocorrência de um incêndio florestal não planejado em 2012. A vegetação lenhosa presente na área, resultante do processo de regeneração natural, foi monitorada em quatro ocasiões: 2, 6, 9 e 15 anos após a exploração. Os indivíduos lenhosos com diâmetro tomado a 0,3 m do solo, igual ou superior a 5 cm tiveram seu diâmetro e altura registrados e foram identificados botanicamente. Os dados obtidos foram utilizados para avaliar as mudanças ocorridas ao longo do tempo em estoque de carbono da vegetação lenhosa regenerada com tendência de recuperação mais lenta de sua produção nas áreas com intervenções silviculturais mais intensas. Antes da exploração, o estoque médio de carbono na área era de 7,5 Mg ha-1 ± 1,3 Mg ha-1, sendo que deste total, 2,6 Mg ha-1 ± 0,7 Mg ha-1 (34,3%) estavam concentrados no grupo das três espécies com maior potencial para produção de energia. O período de 15 anos foi suficiente para a vegetação lenhosa conseguir se recuperar em estoque de carbono, influenciada pelas altas taxas de recrutamento e pela baixa mortalidade em todas as áreas destinadas aos tratamentos. O tratamento T3, envolvendo a remoção de 50% da área basal dos indivíduos lenhosos pertencentes a espécies com potencial para produção de energia (D. miscolobium, P. pubescens e T. vulgaris) apresentou alto desempenho na recuperação do estoque de carbono, igualando-se estatisticamente aos estoques médios de carbono do tratamento T6 (Testemunha), em que não houve nenhum tipo de intervenção, em todos os períodos analisados. A comunidade apresenta-se em fase de regeneração com elevada taxa de recrutamento e baixas taxas de mortalidade, caminhando para a sua capacidade suporte. Estudos sobre o comportamento e manejo das espécies de acordo com os incrementos são importantes para manutenção ecológica e sustentável da vegetação, sendo indicador importante em planos de manejo florestal sustentável.

Este estudo teve como objetivo avaliar a aplicabilidade do uso de imagens de câmera RGB a bordo de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), utilizando a abordagem Structure for Motion (SfM), na construção de um modelo matemático que permita estimar a biomassa seca acima do solo (AGB) em área de cerrado sensu stricto do bioma Cerrado. Foi possível gerar um Modelo de Altura do Dossel (CHM) normalizado, subtraindo-se o Modelo Digital de terreno (MDT) do Modelo digital de Superfície (MDS). As métricas de altura foram extraídas do CHM e um modelo de regressão de mínimos quadrados ordinários foi ajustado para estimar a AGB utilizando dados de 21 parcelas de amostra de campo (20 m x 50 m). O modelo ajustado (AGB = - 2,73 - 0,54 . 𝐸𝑙𝑒𝑣𝑀𝐴𝐷 𝑀𝑂𝐷𝐸 + 2,56 . 𝐸𝑙𝑒𝑣𝑃99 + ε, com R² = 0,65 e RMSE% = 18 %) foi usado para mapear a AGB a partir de dados da ARP coletados na área amostrada (2,1 ha) e em toda a área imageada (10,4 ha) de cerrado sensu stricto. O modelo estimou para a área um valor médio de 25 (− + ) 6,4 Mg ha-1 para AGB. Estes valores são consistentes com os obtidos pelos dados campo, provenientes do inventário florestal. Para a área total imageada pela ARP, a AGB total estimada foi de 24,6 Mg ha-1. O modelo mostrou potencial de extrapolação para outras áreas com estrutura semelhante.