Aplicação de óleos essenciais de plantas do Cerrado e quinonas para o controle de Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus

Abstract

Os inseticidas desempenham importante papel na redução do número de vetores no ambiente. Dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana são doenças virais transmitidas a humanos pela picada de Aedes aegypti, sendo que o Zika vírus também foi isolado de Culex quinquefasciatus. Os inseticidas de fontes naturais constituem uma alternativa efetiva para o controle dos vetores de arboviroses. Este trabalho investigou a atividade larvicida, adulticida e repelente em Aedes aegypti de extratos, óleos essenciais e compostos extraídos de plantas do Cerrado, assim como de compostos comerciais relacionados a sua composição química. O extrato acetato de etila da madeira da raiz de Connarus suberosus Planch. (Connaraceae) apresentou 100% de mortalidade em larvas e, a partir desse extrato, foram isoladas três quinonas. Diante da atividade larvicida dessas substâncias, foram adquiridas 28 quinonas comerciais, sendo que oito apresentaram mortalidade > 80% a 25 μg/mL após 48 h de exposição, com destaque para a tectoquinona (CL50 1,1 μg/mL). A atividade larvicida residual em escala laboratorial, por sua vez, foi mais prolongada para tectoquinona e 2-etilantraquinona. Nos testes semi-campo, a tectoquinona apresentou mortalidade de 100% em larvas até o 5º dia, demonstrando seu potencial para o desenvolvimento de formulações para o controle de Ae. aegypti. Em relação ao estudo da atividade dos óleos essenciais das folhas de 13 espécies do Cerrado em Ae. aegypti, o óleo de Hedyosmun brasiliense apresentou melhor atividade larvicida (CL50 11,2 μg/mL em 24 h) e maior toxicidade em mosquitos adultos com porcentagem de nocaute de 97,2% ao final de 4 h de exposição. O óleo essencial de Eugenia dysenterica apresentou melhor atividade repelente espacial tanto para Ae. aegypti (índice de atividade espacial ponderado – wSAI 20,23), como para Cx. quinquefasciatus (Tempo de Proteção - TP 71%). O óleo essencial de Blepharocalyx salicifolius foi ativo em todos os ensaios conduzidos: larvicida (CL50 24,1 μg/mL em 24 h), adulticida (93,4% em 4 h), repelente espacial em Ae. aegypti (wSAI 14,80) e em Cx. quinquefasciatus (TP 60%). Os compostos majoritários dos óleos essenciais mencionados foram determinados por CG-EM. O potencial de aplicabilidade tecnológica de quinonas e de óleos essenciais no controle de Ae. aegypti e Cx. quinquefasciatus destaca o bioma Cerrado como fonte de produtos naturais que podem contribuir para o controle das arboviroses.