O ensino de história no livro didático – PNLD 2021: reflexões curriculares sobre a implementação do Novo ensino médio na cidade de Taguatinga-DF a partir da ótica dos professores de história

Abstract

Esta dissertação apresenta como objetivo geral analisar como está organizada a estruturação curricular dos conteúdos referentes ao ensino de História nos livros didáticos, alterados pela Reforma do Ensino Médio, em uma escola de Taguatinga-DF na ótica dos professores de História. Pressupomos que a “conscientização histórica” (Rüssen, 2001), fundamentada pelo ensino de História, é imprescindível à formação crítica e de qualidade na educação básica. Contraditoriamente, a Reforma do Ensino Médio, no que tange a organização dos livros didáticos por área do conhecimento, amparados na abordagem rígida de interdisciplinaridade e de eixos temáticos, acende uma fagulha de princípio de crise do “código disciplinar de História” (Cerri, 2019) ao pulverizar seus conteúdos, em prol do enfoque no desenvolvimento de competências e habilidades. Portanto, o problema central que delineia a pesquisa, constitui-se na seguinte indagação: como está organizada a estruturação curricular dos conteúdos referentes ao ensino de História nos livros didáticos, alterados pela Reforma do Ensino Médio, em uma escola de Taguatinga-DF de acordo com a ótica dos professores de História? Nesta perspectiva, delineamos três eixos teóricos para tratarmos desta questão, a saber: 1) Reforma do Ensino Médio no Brasil e no Distrito Federal; 2) Ensino de História e o Ensino Médio; e 3) Livro didático de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o ensino de História. A pesquisa consiste em uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória, concentrada em um estudo de caso (André, 2008;Yin, 2015). O cenário da pesquisa é uma escola de Ensino Médio da rede pública, da região administrativa de Taguatinga, Distrito Federal. Temos como objeto de pesquisa os livros didáticos da Coleção Moderna Plus, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e como interlocutores, os professores de História e coordenador pedagógico da escola selecionada. Ainda temos a coordenadora intermediária do Ensino Médio da regional de ensino de Taguatinga e o coordenador adjunto do PNLD-DF 2021. O percurso metodológico adotado está inspirado no Materialismo Histórico-Dialético (Marx, 2017; Netto, 2011) e na adesão da Pedagogia Histórico-Crítica (Saviani, 2021) sobretudo, na perspectiva da teoria crítica de currículo e de educação. A metodologia da pesquisa se desdobrou pelos seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica (Gil, 2022) para compreender como que a História se constituiu como disciplina e transformou-se no decorrer dos tempos; e o contexto histórico da criação e percurso do Ensino Médio, na educação brasileira. Sobre a pesquisa documental (Silva; Borges, 2020; Pimentel, 2001), realizamos a análise dos livros didáticos da Coleção Moderna Plus e dos documentos educacionais norteadores à temática. Houve entrevista semiestruturada e aplicação de questionários aos interlocutores. Utilizamos a análise de conteúdo (Bardin, 2016) para apreender as comunicações das respostas dos interlocutores. Como produto técnico, propomos um curso de aperfeiçoamento quanto aos critérios de seleção de livros didáticos de História, que tem como público-alvo os professores de História. Antecipamos que, a pesquisa investigativa constatou que a redução da formação geral básica de 2.400 horas para até 1.800 horas, impetrada pela Reforma do Ensino Médio, mediante a Lei 13.415/2017, desencadeou consequências para toda estrutura curricular, em específico aos livros didáticos do PNLD 2021. A diluição dos componentes curriculares em prol dos eixos temáticos fez com que os conteúdos históricos fossem simplificados em detrimento da valorização das competências e habilidades sob a perspectiva da interdisciplinaridade. Concluímos, a partir desse resultado, que os professores precisam ir além do que está disposto nos livros didáticos para proporcionar um conhecimento científico de alta qualidade produzido pela humanidade, conforme tonificado na Pedagogia Histórico-Crítica, segundo Saviani (2021).