Milonga solta no espaço : a música em trânsito a partir da (des)construção de uma cultura em Ramil e Drexler

Abstract

A presente pesquisa busca analisar a milonga e suas características dinâmicas na fronteira sul do Brasil, exemplificadas pelas obras de dois compositores, Vitor Ramil e Jorge Drexler. Baseado principalmente em autores dos campos da musicologia (Cook, 2001, Trotta, 2008) e estudos culturais (Canclini, 2008, Martin-Barbero, 1997, Grimson, 2011, Hall, 2006), levando em conta as transformações presentes no desenvolvimento do gênero e sua relação com o meio cultural, através das construções e desconstruções culturais e suas relativas dinâmicas estéticas, as quais são expressas nos exemplos musicais propostos. Sobre a milonga, é analisado o seu surgimento e sua inevitável transformação dentro da música popular, a partir da sua genealogia e sua relação com o espaço geográfico-cultural, bem como sua transformação em termos dos seus materiais musicais intrínsecos. Dessa forma, contextualiza-se o intercâmbio de sonoridades que fica inerente a esse processo e que transforma a milonga em um agente de significação estético-cultural dentro da obra dos compositores estudados. Com especial atenção ao território gaúcho e brasileiro, busco observar o desenvolvimento da cultura criada no Rio Grande do Sul e sua relação crítica e estética com o trabalho de Ramil, através principalmente da sua obra A Estética do Frio. Utilizo-me também de Drexler, uruguaio, para triangular esse processo e procurar a reverberação da mesma ideia cultural e musical em outro lado da fronteira, através do conceito de Templadismo, buscando exceder o limite geográfico e assim entender as relações de tempo e espaço que os autores descrevem em sua obra. Para tanto, além da aproximação conceitual, analiso algumas canções, apoiado em publicações já existentes sobre a obra musical dos compositores e transcrições próprias, utilizando-as como objeto de materialização dos conceitos apresentados.