No meio das pedras, caminhos : intercessões entre o estudo do meio, a pedagogia histórico-crítica e o ensino de Geografia na educação escolar

Abstract

Há uma visão sobre a escola que pode ser sintetizada pelo seguinte exercício imaginativo: uma criança triste, sentada em uma sala de aula enfileirada, olhando pela janela e contemplando a possibilidade de ser feliz ‘lá fora’. Ainda que expresse paradoxos existentes na reprodução da escola, essa visão não representa na integralidade a complexidade do trabalho pedagógico. Fomentando uma visão afirmativa da educação escolar, o presente trabalho buscou estabelecer uma articulação entre o estudo do meio, os fundamentos da Pedagogia Histórico-Crítica e a educação escolar (e nesta, em particular, com o ensino de Geografia), dividindo-se em cinco capítulos. O primeiro capítulo fundamenta a escola como espaço de produção de conhecimentos, de desenvolvimento psíquico e humanização. O segundo capítulo apresenta as bases da formação da Pedagogia Histórico-Crítica como concepção pedagógica crítico dialética, revisitando suas origens, seus pressupostos e os momentos pedagógicos propostos pelo seu método. O terceiro capítulo acena para o desenvolvimento de estudos do meio na educação básica no Brasil, apresentando suas origens e seus objetivos, com destaque para sua relação com o ensino de Geografia. O quarto capítulo elabora uma concepção teórica de estudo do meio que amarra as suas etapas (Prólogo, Aula de campo e Desfecho) aos momentos do método da Pedagogia Histórico-Crítica (Prática social inicial, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática social final). O quinto capítulo relata uma experiência de estudo do meio realizada no contexto de uma escola de educação básica da rede pública de ensino do Distrito Federal. Sob a orientação de uma perspectiva dialética de apreensão do real, o estudo do meio foi concebido como um recurso metodológico que, pela mediação in situ de atividades empírico-abstratas, amplia os espaços educacionais, incita a interdisciplinaridade e qualifica a condução dos percursos lógicos de ensino (objetivação) e de aprendizagem (apropriação). Nesse sentido, a realização de estudos do meio na educação básica: a) Viabiliza a elaboração conceitual sobre a realidade concreta; b) Estimula o desenvolvimento das funções psíquicas superiores; c) Contribui para visibilizar e desnaturalizar contradições enraizadas na localidade (auxiliando a subsunção do fetichismo do espaço geográfico); d) Fomenta a releitura da prática social; e) Enriquece as práticas e saberes espaciais e o raciocínio espacial dos estudantes.