Experiências de vida e percurso formativo na escolha pela docência de egressos do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade de Brasília

Abstract

A presente dissertação é uma pesquisa qualitativa que utilizou como instrumento entrevistas semiestruturadas que tiveram como base teórico-metodológica os elementos da pesquisa narrativa e do método autobiográfico (Bogdan e Biklen, 1994; Bueno, 2002; Delory-Momberger, 2005; Ferrarotti, 1979; Jovchelovitch e Bauer, 2003; Nóvoa e Finger, 1988). A investigação foi realizada pelas entrevistas com professores egressos do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade de Brasília que atuam ou atuaram no ensino de Ciências e Biologia da educação básica. Esse estudo teve como objetivo central a compreensão de experiências e vivências de vida e do percurso formativo na graduação que podem ter estimulado os egressos entrevistados na escolha pela docência em Biologia. Ademais, a investigação baseou-se, também, na análise documental das estruturas curriculares vigentes à época da graduação dos participantes entrevistados. As entrevistas produzidas foram analisadas por meio do método de Análise Textual Discursiva (Moraes, 2003) com a construção de unidades de análise criadas a partir dos objetivos geral e específicos da pesquisa e de temas que emergiram ao longo do processo. As unidades de análise produzidas também foram confrontadas com a análise documental dos currículos. Os resultados demonstraram que aspectos da vida dos egressos entrevistados foram fundamentais na escolha pela docência, não apenas no período da formação inicial, mas também em situações pessoais que mostraram ser momentos-charneira, que são momentos de reorientação na maneira de se comportar e de pensar no contexto e em si (Josso, 1988). Esses resultados evidenciaram, também, conhecimentos, compreensões e saberes sobre o impacto da dinâmica curricular no processo formativo dos professores, não apenas no espectro obrigatório, mas também no complementar, em que foram citados atividades complementares, como as monitorias de disciplinas obrigatórias e optativas; projetos de extensão como o Bio na Rua e o Momento Ciência; programas institucionais como o PIBID e a Residência Pedagógica; e experiências externas ao ambiente acadêmico como monitorias e aulas particulares. Entendimentos sobre as relações entre as experiências individuais e a identidade pessoal dos sujeitos participantes no processo formativo também emergiram a partir das entrevistas. Este trabalho reforça, portanto, a ideia de que a construção da identidade docente não está separada da construção da identidade pessoal dos sujeitos, mas pode ser vista como um movimento de transformação fluida do sujeito para o docente e do docente para o sujeito (Nóvoa, 1992).