O colonialismo e suas implicações na literatura contemporânea : identidades cambiantes na trilogia as areias do imperador, de Mia Couto

Abstract

A presente pesquisa tem por objetivo realizar uma leitura dos romances Mulheres de cinzas (2015), Sombras da água (2016) e O bebedor de horizontes (2018), que formam a trilogia As areias do imperador, do autor moçambicano Mia Couto, buscando fazer uma reflexão sobre como ocorre a constituição do sujeito dentro do processo de colonização em Moçambique, a fim de entender de que maneira os embates culturais e os movimentos diaspóricos representados nessas obras contribuem para a (des) construção de suas identidades. Para além disso, enfatizamos ainda os seguintes elementos imbricados na tessitura dos textos literários que formam o corpus do estudo, os quais também são responsáveis pela construção de sentido nas obras: a memória, a “raça” e a referencialidade histórica. Nossa tese se alicerça em discussão à luz das teorias da Representação, da Colonização e da Diáspora, desenvolvidas por Stuart Hall (2006), Kwame Anthony Appiah (2007), Homi Bhabha (2013), Achille Mbembe (2018), Francisco Noa (2017), Manuel Castells (2018), além de outros teóricos. Com este trabalho, a contribuição para o campo dos estudos literários se dá na expansão dos conhecimentos acerca da literatura moçambicana, bem como dos impactos que o contexto da colonização provocou nos sujeitos, além de se ampliarem o conhecimento e o debate sobre a produção literária em língua portuguesa e sobre obras que contestam um mundo de cultura hegemônica.