A comunicação entre economia e cultura : mecenato contemporâneo no Centro Cultural Banco do Brasil e no Itaú cultural

Abstract

Este estudo indica que a criação da Lei Sarney (Lei 7.505/1986), a primeira a permitir ao investidor abater do Imposto de Renda patrocínios e doações realizadas a projetos culturais, foi crucial para que pelo menos dois importantes players do mercado financeiro, Banco do Brasil e Itaú Unibanco, começassem a enxergar o investimento em arte e cultura como um bom negócio. Datam de anos imediatamente posteriores a este marco legislativo a inauguração tanto do Instituto Itaú Cultural (IC), em 1987, quanto do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em 1989. A constituição, o desenvolvimento e a manutenção desses espaços culturais rompem com o mito de que empresas de capital financeiro investem com o intuito único de valorização da marca. As evidências apontam para uma autoproteção pois, longe de ser uma idiossincrasia nacional, trata-se de uma prática tradicional mundial, que acompanha a sociedade ao longo de séculos. Com dados empíricos, gráficos, argumentos, e a combinação de métodos quantitativos e qualitativos para a análise exploratória, propõe-se um mergulho no universo do patrocínio e do apoio ao CCBB e ao IC enquanto espaços de distribuição de arte e cultura. Nessa perspectiva, pergunta sobre a existência de uma cultura de patrocínio no Brasil, que molda projetos para atender a interesses e públicos determinados por investidores, cujos editais definem previamente as linhas de ação. Um panorama da política cultural brasileira é traçado, pois foi por ação do Estado que se criaram as bases para uma parceria entre o poder público e o setor privado para dinamizar a produção cultural. Para a definição do corpus, foram coletados dados disponíveis em plataformas da internet, em sites hospedados no Ministério da Cultura (atual Ministério do Turismo) e utilizados filtros para encontrar resultados referentes às instituições pesquisadas. A pesquisa ainda dialoga com outras áreas do conhecimento, por meio da busca de elementos capazes de explicar o papel funcional na estrutura econômica e financeira da cultura. Desse modo, aponta condicionantes estruturais correspondentes para a constituição e o desenvolvimento da promoção de ações artístico-culturais. A história dos espaços integra os estudos não como um desfile de acontecimentos e datas, mas como fatos ainda vivos, que não se esgotam ao primeiro olhar.